O que queremos?

 

Imagem de marcelkessler em Pixabay

No meu lugar

Ceramista

Há mais de 20 anos trabalho em um círculo ecumênico de nossa cidade encarregado de preparar o dia Mundial de Oração das Mulheres que ainda apóia outros eventos de caráter ecumênico, por exemplo, a exposição para o Ano Bíblico. A minha tarefa consiste em transformar os conteúdos espirituais em elementos artísticos na decoração da referida Igreja em que se realiza o evento.
Em um ano, o dia Mundial de Oração estava baseado na frase de S. Paulo: “Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila, para que este incomparável poder seja de Deus e não de nós”. (2 Cor 4, 7). Durante muito tempo debatemos na comissão de preparação, como estas palavras poderiam ser expressas artisticamente na decoração. A idéia de moldar, na igreja, um vaso, uma jarra, foi aceita por todos. Para mim pessoalmente foi muito favorável, pois sou ceramista. Assim, os pensamentos de nossa meditação foram apresentados de forma muito ilustrativa: Deus, o Criador, o oleiro, nós, os vasos, formados por sua mão. Abandonar-se em suas mãos formadoras nas diferentes situações da vida, dar forma à nossa vida, uma forma que demonstra ser um ganho.
Para mim, a colaboração nesta equipe e atuação na preparação do dia Mundial de Oração é parte de meu compromisso apostólico.

(Testemunho de uma ceramista, Alemanha)

Assistência familiar

Minha profissão de assistente familiar, às vezes, representa uma grande carga, porque, na maioria dos casos, é preciso prestar meu serviço em famílias que se encontram em situações difíceis. Muitas vezes me confronto com câncer, com enfermidades psíquicas da mãe ou do pai, com golpes na vida como a perda de um dos pais e devo cuidar e atender bem as crianças destas famílias. Procuro dar muito amor e muita atenção às crianças. Quando preparo a comida predileta delas ou as acompanho aos parques infantis para brincar, procuro dedicar-me inteiramente a elas. Para mim, isto significa ser humana em meu encontro com as pessoas, nas situações de maior sofrimento. Eu gostaria de ajudar justamente nas situações difíceis que já ninguém ajuda, por exemplo, em famílias com baixo nível social que se encontram em uma situação de vida precária. Isto significa ao mesmo tempo proteger com respeito e amor a esfera privada da família. Através de meu ser posso tornar Deus presente na família. Sem muitas palavras posso ajudar que o experimentem.
Os tempos de silêncio e de oração me ajudam a me dar bem em minha profissão. Nestes momentos posso rezar pelas pessoas pelas quais ninguém mais reza, em especial, pelas famílias para as quais a Igreja, a fé e Deus parecem estar bem longe. Ao cair da tarde posso “depositar” esta “mochila” de coisas belas e difíceis no cantinho de oração da minha casa, assim, apresento a Deus na oração as necessidades e preocupações das pessoas. Eu pessoalmente posso respirar aliviada e não tenho que carregar sozinha todo este sofrimento, Jesus Cristo carrega estas cruzes comigo. Porém, não só lembro das coisas difíceis e pesadas em minha oração, mas também dos momentos bonitos e alegres, proporcionados pela gratidão e pelo reconhecimento das pessoas para com meu trabalho.
É bom ter uma comunidade que sempre me dá forças espirituais, que me estimula, apóia e sustenta. Isto também repercute nas famílias onde exerço minha atividade. As crianças buscam, em mim, segurança e proteção, mesmo quando fico apenas por alguns dias com elas, e eu posso oferecer-lhes o que buscam, pois eu mesma estou sustentada pela força da fé e da minha família espiritual. Embora esteja sozinha no âmbito da minha profissão e do meu trabalho, nunca estou isolada, pois minha família espiritual me acompanha. A oração é o arrimo que me ajuda a manter-me firme frente às exigências de nosso tempo, especialmente na profissão, no meu lugar de trabalho, e a perseverar nas situações difíceis e nos revezes com as que me deparo durante minha vida.

(Testemunho de uma profissional de assistência às famílias Alemanha)

Professora de uma escola básica

De vez em quando comentamos na comunidade que se pode encontrar Deus em todos os acontecimentos de nossa vida. Se algo me sai bem, se tenho êxito, se vejo algo lindo, me alegro com estas dádivas de Deus. Porém, na doença, nos golpes do destino, nos fracassos, não é tão fácil dizer sim e carregar a cruz com Jesus. Não obstante, Deus está sempre comigo e, mais que isto, ele me faz perceber esta presença.

Assim foi em uma manhã. Antes da aula havia acontecido algo que me irritou bastante. Eu me sentia muito agitada e devia começar a aula e, como de costume, rezar com os alunos. Não podia fazê-lo, pois durante a oração me voltaria a raiva e a irritação.

Enquanto me dirigia para a sala uma aluna se aproximou de mim, em sua mão ela tinha uma linda rosa. “Meu irmão é que lhe manda este presente, ele queria que a trouxesse hoje sem falta; nosso pai teve que ir especialmente ao jardim para cortá-la”. O irmãozinho esperava no pátio da escola. Eu agradeci tão grande gentileza. Saberia ele, por acaso, quão importante esta rosa era para mim neste dia? Ao chegar na sala já havia recuperado o controle, porém, não pude rezar a oração normal das manhãs. Com a rosa na mão me apresentei para a turma. A oração se transforma em meditação: “Assim é Deus. Ele nos presenteia ao mesmo tempo coisas lindas e coisas difíceis. Hoje de manhã irritei-me muito, mas então Clara me trouxe uma rosa do seu irmão, assim, sem mais nem menos. A rosa tem muitos espinhos pontiagudos que podem nos ferir. Porém, se a tomamos com cuidado, seja enrolada em um pano ou diretamente abaixo da sua carola, os espinhos não machucam. Isto é o que estou fazendo agora com minha irritação”. Poucas vezes meus alunos ficaram tão concentrados durante a oração. Depois, pude iniciar a aula sem problemas.

(Testemunho de uma professora de uma escola básica Alemanha)